28 de outubro de 2019
Por Capital Digital Aberto
Como o nome já diz, Smart Contracts ou Contratos Inteligentes do inglês, é um instrumento tecnológico que permite por meio de linguagem de programação, estruturar diversos tipos de contratos.
Contratos, são instrumentos legais ou ferramentas para adequar um acordo com um conjunto de regras específicas, podemos identificar a natureza do contrato por sua definição:
Definição Popular: “Pacto entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a cumprir o que foi entre elas combinado sob determinadas condições.”
Definição Jurídica: “acordo de vontades entre as partes, com o fim de adquirir, resguardar, transferir, modificar, conservar ou extinguir direitos.”
A forma mais fácil de entender contratos inteligentes é elaborar de uma forma simplificada e no formato de linguagem abstrata de programação.
Uma linguagem abstrata de programação é uma forma de simular a programação de computadores utilizando a linguagem nativa para explicar a lógica do instrumento propriamente dito.
Irei exemplificar um modelo de Smart contracts para que você possa entender como são estruturados e então, caso você entenda o conceito, irá ficar alguns dias sem dormir imaginando nas infinitas aplicações dessa tecnologia no seu cotidiano.
Eles servem para organizar qualquer coisa, até oportunidades de inovação. O importante é entender que Contratos Inteligentes ( Smart contracts ) vieram para ficar.
Ainda mais que estão sendo utilizados de diversas formas por ser uma tecnologia recente. Eles escondem oportunidades para pessoas comuns ou empresas além de oferecerem valor, novos serviços e produtos.
O primeiro passo para elaborar um contrato inteligente é entender a estrutura do contrato. Entre em contato agora para avaliarmos seu caso.
Por ser um acordo de vontade entre as partes, as mesmas precisam ser identificadas e ter seus direitos resguardados de forma privada, sem expor diretamente a pessoa que faz parte do contrato.
Nós da CDA – Capital Digital Aberto entendemos que a forma mais simples de resguardar um direito sobre uma das partes do contrato é criar uma “identidade” virtual, para que a parte possa representar seus interesses e ser identificado e autenticado como proprietário.
Vamos supor que você está organizando uma festa junina e já sabe dos desafios de organizar a parte financeira de um pequeno evento.
Algo que sempre gera problemas são os desvios de caixa e a disponibilidade de troco.
Em uma operação de compra de pipocas, você teria diversas abordagens para tornar a troca eficiente. Vamos exemplificar.
Uma parte fornece dinheiro e a outra parte retorna a pipoca.
Caso o valor pago pela parte pagadora seja maior do que o preço da pipoca, você deve retornar o troco.
Para isso vamos mapear esse processo em etapas, para podermos identificar potenciais gargalos operacionais e onde podemos melhorar.
Abaixo vamos explorar o que seria o processo de compra de pipoca em uma festa junina do seu condomínio.
* Quando você encontrar // Significa um comentário, algo que não vai ser processado pelo computador. Apenas para os olhos do programador que precisa documentar seu código para que outros possam utilizá-lo.
1. A parte que quer vender pipocas, faz a oferta do produto e o preço.
2. A parte interessada, que quer comprar, dirige-se a barraca de pipocas.
3. A parte vendedora pergunta: Pipoca doce ou salgada e Qual tamanho?.
4. A parte compradora escolhe Pipoca Doce média.
5. A parte vendedora notifica o valor da compra.
6. A parte compradora entrega o valor para pagamento. // Aqui começa o problema
6.a. Se o valor entregue pela parte compradora é menor do que o valor da compra, a parte vendedora rejeita a operação e notifica que o valor é inferior ao preço de compra.
– “Senhor, faltam X reais”
i. A parte vendedora pergunta se o pagador quer continuar ou desistir.
ii. Caso a parte compradora tenha mais dinheiro, a operação continua. Caso contrário a operação é cancelada.
6.b. Se o valor entregue pela parte compradora é maior do que o valor da compra, a parte vendedora deve efetuar o procedimento de troco.
i. A vendedora recebe o valor superior ao da compra, subtrai desse valor recebido o valor da compra e devolve o excedente.
******** Erro: Não temos troco disponível!
Dessa forma que em festas juninas ou eventos ou operações similares é interessante ter um sistema de tickets. Para cada produto comercializado, um ticket é emitido e para cada ticket com uma numeração única é atribuído um valor de compra.
É muito parecido com uma operação de emissão de papel moeda. Para uma determinada quantidade de riqueza ou valor.
Temos como exemplo o ouro, onde são criados pedaços de papel que correspondem a frações ou partes do ouro em si. Nesse caso, estamos apenas estudando o fenômeno, vender pipoca sem gargalos operacionais.
Logo, vamos ter que criar tickets lastreados em uma oferta futura de produção de pipocas a ser entregue para o pagador conforme o instruído.
Analisando dessa forma, podemos dizer que o ato de comprar pipoca utilizando tickets, nada mais é do que um contrato futuro primitivo.
1. A parte compradora se dirige ao caixa.
2. O caixa que opera como uma Distribuidora de Títulos pergunta o que a parte compradora deseja.
3. A parte compradora diz que precisa de 5 pipocas, doce tamanho médio.
4. O Caixa notifica que 5 pipocas custam R$5,00.
5. A parte compradora deposita os R$5,00 para o caixa. // Voltamos ao gargalo do troco
5.a. Caso a quantidade entregue pelo comprador é menor do que o valor da compra o caixa notifica o comprador.
i. Entregar mais reais
ii. Desistir da operação
iii. Continuar operação
5.b. Caso a quantidade entregue pelo comprador seja maior do que o valor da compra o caixa deve efetuar a operação de compra.
i. O caixa recebe o valor maior, desconta o valor da compra e devolve o troco ( Como o caixa é um ponto específico para operações financeiras, ele está preparado para a operação então ela geralmente continua).
6. O Caixa entrega 5 tickets de pipoca para a parte compradora.
7. A parte compradora verifica os 5 tickets e o troco.
Eu entendo que parece um pouco complexo, mas com o tempo seu cérebro vai começar a assimilar novas informações e você até o final deste artigo vai estar lendo abstrações de código e pensando em lógica com mais eficiência.
Talvez até tenha insights de como aplicar na sua vida ou empresa e vai ficar empolgado com novas descobertas. Esse é o objetivo!
Então agora que resolvemos o problema do troco, vamos voltar ao processo comprar pipoca e comparar com o processo inicial para ver se a estratégia foi eficiente ou não.
1. A parte compradora dirige-se ao ponto de troca dos tickets // Nesse caso a barraca de pipoca
2. A parte compradora não precisa nem interagir com a parte vendedora, simplesmente entrega 5 tickets de pipoca doce média.
3. A parte vendedora verifica, conta os tickets e o tipo e prepara o pedido
4. A parte vendedora entrega o pedido de 5 pipocas doce tamanho médio
5. A parte compradora verifica
6. Processo encerra.
Veja como simplificamos o processo e ainda otimizamos o tempo de atendimento tirando o questionamento do pedido, acordo do pagamento e o processo de troco.
Essa é a abordagem do contrato inteligente quando queremos automatizar processos. Ganhamos tempo, otimizamos processos reduzindo o custo de operação, a barraca não acumula filas e você consegue aproveitar mais a festa do que esperar na fila para comprar pipoca.
Até esse ponto você está feliz, mas quem vai ficar muito mais feliz é o síndico que agora pode controlar todas as vendas em um único ponto, centralizando a operação no caixa.
Agora que já entendemos o processo no lado do comprador, conseguimos ver o impacto que temos em termos de velocidade de execução de um contrato e a garantia da entrega.
Ao entregar um ticket o operador assume que você pagou antecipado pela pipoca. Então ele aceita o ticket como forma de pagamento na entrega do produto. Isso abre alguns pontos que devemos entender para compreender o impacto que contratos inteligentes e blockchain trazem para uma automação de tarefa.
Vamos falar agora de imutabilidade, pois é um ponto crítico no processo financeiro da nossa festa junina.
1) Pessoas de fora podem fraudar nosso sistema de tickets criando tickets falsos e consumir nossos produtos de graça gerando prejuízo.
2) O operador do caixa pode estar com problemas financeiros e decide desviar recursos por conta própria.
3) O operador da barraca de pipocas, pode receber os tickets e vender para terceiros com desconto ou distribuir para os amigos.
4) O síndico pode estar com problemas financeiros e organizou a festa apenas para desviar um pouco de recursos. Não estamos questionando a integridade das pessoas. Estamos apenas analisando de forma racional a realidade do ambiente que vamos implementar o contrato.
Se você for pesquisar um pouco na internet sobre Smart Contracts, vai cruzar com um caso muito peculiar que se chama DAO. Ou Decentralized Autonomous Organization. A DAO ou Organização Autônoma Descentralizada é um caso clássico de Contrato Inteligente feito por linguagem burra.
Um usuário conseguiu votos suficientes para receber como prestador de serviço o equivalente na época a 60 milhões de dólares em Ethereum.
Isso foi possível ao explorar uma das funcionalidades do contrato, como se fosse uma cláusula especial.
Foi um escândalo na comunidade de criptomoedas e o principal motivo do Ethereum ter se dividido em duas partes.
A parte que agora detinha o valor desviado e a comunidade que dava suporte ao Ethereum e que não concordava com o ato executado.
Enfim, isso foi mencionado para você entender que contratos inteligentes, como o nome já diz deve ser realmente inteligente.
Isso significa que todos os pontos devem ser analisados, da mesma forma que um advogado explora todas as formas que as partes podem ser prejudicadas ou que possam de alguma forma invalidar a natureza do contrato
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